Movimentos
Imigrantes brasileiros
Até o fim da década de 1970, os movimentos populacionais no Brasil se caracterizaram pela grande mobilidade populacional dentro do próprio país e pela recebimento de imigrantes europeus e asiáticos nos séculos XIX e XX.
No início da década de 1980, conhecida como '' década perdida '', o baixo crescimento econômico fez o Brasil conhecer um processo novo em sua dinâmica populacional - a emigração de brasileiros, principalmente para os Estados Unidos, Japão, Europa e América Latina. Antes disse, o país tinha conhecido as '' migrações forçadas '', por motivos políticos, principalmente nas ditaduras de Getúlio Vargas( 1930 a 1945 ) e do regime militar ( 1964 a 1985 ). Na ''década perdida'', as altas taxas de inflação, de desemprego e a busca de melhores perspectivas de vida foram os principais motivos que levaram a uma evasão de brasileiros para outras partes do mundo.
Depois de alguns anos de estabilidade do plano real, essas saídas diminuíram um pouco, mas foram retomadas após a desvalorização da moeda 1999.
Infelizmente, esses movimentos envolvem aspectos preocupantes, como o tráfico de imigrantes e o tráfico de mulheres, que, seduzidas com promessas de altos salários, acabam envolvidas em redes de prostituição.
Quem veio para o Brasil
Brasil foi quarto País a receber pessoas de outros países na América, ficando atrás dos Estados Unidos, da Argentina e do Canadá. O marco do início da imigração em nosso país foi o decreto assinado em 1808 por Dom João VI, e o Brasil era uma nação essencialmente agrícola. que permitia a posse de terras por estrangeiros. A partir daí, grandes contingentes de portugueses, italianos, alemães, espanhóis, eslavos e japoneses, entre outros, procuraram o Brasil como nova pátria.
Foi durante a segunda metade do século XIX e início do século XX (1850 - 1930) que o Brasil recebeu o maior número de imigrantes. A Inglaterra proibira o tráfico negreiro em 1850, e o Brasil era uma nação essencialmente agrícola, totalmente dependente de mão-de-obra escrava. Isso ocorreu exatamente quando a cultura cafeeira já fizera a riqueza do vale do Paraíba ( Rio de Janeiro e São Paulo ). Após a Abolição da Escravatura, decretada em 13 de maio de 1888, fazendeiros que iniciava a expansão dessa cultura em outras regiões no estado de São Paulo estimularam a vinda de imigrantes, principalmente colonos italianos, para substituir a mão-de-obra escrava.
Outros fatores, como as crises econômicas na Europa, e a possibilidade de ascensão social na América, também motivaram essas grandes correntes migratórias ao Brasil.
Podemos traçar um perfil geral desses imigrantes. Eram em sua maioria jovens, pobres, do sexo masculino, em idade produtiva e com habilidades técnicas e manuais que desenvolveram ao trabalhar em lavouras de seus respectivos países. Alguns traziam também a mentalidade empresarial, uma vez que vinham de potências industrializadas, o que foi fundamental, alguns anos depois, para as primeiras experiências realizadas nesse setor em nosso país.
Após a iniciativa pioneira, em 1924, em São Leopoldo ( RS ), muitos outros imigrantes alemães dirigiram-se para a região Sul. Em 1850 e 1851, fundaram importantes colônias no estado de Santa Catarina, como a que deu origem a Blumenau, hoje importante centro industrial e comercial. A outra foi a colônia D. Francisca, a atual progressista cidade de Joinville.
Erechim e novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, e Brusque, em Santa Catarina, também surgiram da colonização alemã.
Os italianos se estabeleceram na região de Garibaldi, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde se dedicaram ao cultivo da uva e à fabricação do vinho. Também se estabeleceram em Santa Catarina, nas cidades de Orleans, Nova Veneza, Urussanga e Criciúma.
O Paraná recebeu, principalmente, povos eslavos ( russo, ucranianos e poloneses ), que se fixaram em Rio Negro, Ivaí e arredores de Curitiba.
A colonização estrangeira no Sul fundamentou-se na pequena propriedade, na policultura e na mão-de-obra familiar.
Sem dúvida, a lavoura cafeeira carente de mão-de-obra foi a maior responsável pela vinda de imigrantes estrangeiros para a região sudeste. Entretanto atividades urbanas, como o comércio e outros cultivos agrícolas, foram implantados por esses grupos, nos estados do Sudeste. Podemos dizer que cada nacionalidade teve uma característica quanto à ocupação escolhida.
Os italianos, nos primeiros anos, dedicaram-se ás lavouras cafeeiras do estado de São Paulo, que recebeu o maior número deles. No Espírito Santo, fixaram-se na região da cidade de Colatina.
Os espanhóis, sírio-libaneses e portugueses exerceram atividade tipicamente urbanas, como o comércio.
No período 1890 a 1930, os portugueses formaram o grupo mais numeroso de imigrantes que chegaram ao Brasil, pois não sofreram as restrições impostas aos outros grupos. Os estados de São Paulo e Rio de janeiro, respectivamente, receberam o maior número deles, que também se encontraram espalhados por todo o Brasil. As cidades de Salvador, Recife, Belém, Florianópolis, entre outras, têm importantes comunidades portuguesas.
A partir de 1908, vieram os japonese que se fixaram nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Pará.
Em São Paulo, dedicaram-se a variadas atividades agrícolas, em regiões diferentes:
Vale do Paraíba: cultivo do arroz.
Vale do Rio Ribeiro do Iguape: cultivo do chá e da banana.
Alta Paulista e Alta Sorocaba: Criação do bicho-da-seda e avicultura.
Cinturões Verde ( Grande São Paulo e arredores ): atividades hortifrutigranjeiras.
Também estabeleceram-se em outros estados:
Paraná: agricultura ( café, soja ) e criação do bicho-da-seda.
Mato Grosso: agricultura.
Pará: cultivo de pimenta-do-reino e juta.
Na década de 1930, a vinda de imigrantes para o Brasil começou a diminuir sensivelmente. Isso foi causado por um conjunto de fatores, dentre os quais podemos citar:
O não cumprimento das promessas feitas pelos agenciadores desses imigrantes que não encontravam aqui o que lhes era prometido, como terra própria para cultivar.
A queda da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, que causou instabilidade econômica mundial e a queda do preço do café, principal fonte de divisas para o Brasil.
A instabilidade política motivada pela revolução de Vargas de 1930, quando Vargas tomou o poder.
A Lei de Cotas da Imigração, instituída em 1934 no governo de Vargas. Ficou estabelecido pelas Constituições de 1934 e reiterada na Constituições de 1937. Estabelecia um limite de 2% calculado sobre o total de imigrantes havia entrado no país nos últimos 50 anos. Os portugueses eram a única exceção a Lei de cotas da imigração. Outras restrições juntarão a Lei de Cotas, como a de obrigar que 80% dos novos imigrantes fossem agricultores.
O golpe militar de 1964, período de instabilidade política e social no país.
O aumento da dívida externa e a repressão política, que desestimularam as migrações internacionais.
Migrações internas
Mobilidade interna do povo brasileiro sempre esteve ligada ao processo de povoamentos do nosso enorme território. A própria sucessão dos ciclos ou períodos da economia brasileira, sempre ligados a um determinado produto ou atividade, favoreceu essa mobilidade, pois as pessoas são sempre atraídas por fatores, como emprego, facilidade de obtenção de terras ou enriquecimento rápido.
Por esse motivo, podemos verificar que sempre houve uma coincidência entre os grandes surtos migratórios internos, a evolução da economia e o processo de urbanização veja:
Século XVI e XVII; saída de nordestinos da Zona da Mata rumo ao Sertão atraídos pela expansão da pecuária.
Século XVIII; saída de nordestinos e paulistas rumo a região mineradora ( Minas Gerais ).
Século XIX; saída de mineiros rumo ao interior paulista atraídos pela expansão do café.
Século XIX; saída de nordestinos rumo à Amazônia para trabalhar na extração da borracha.
Século XX, 1950 saída de nordestinos rumo ao centro-oeste ( Goiás ) para trabalhar na construção de Brasília. Esse período ficou conhecido como " macha para oeste ", e os migrantes foram chamados de candangos.
Décadas de 1950 e 1960: saída de nordestino rumo ao sudeste, motivada pela industrialização. As cidades de São Paulo, e do Rio de Janeiro receberam o maior fluxo de imigrantes.
Décadas 1960 e 1970: saída de nordestino que continuaram migrando para o sudeste, o centro-oeste ( Mato Grosso ) e para sul ( Paraná ). A partir de 1967 com a criação da Zona Franca de Manaus, ocorreu intensa migração de nordestinos para Amazônia. E grande parte desce processo foi apoiado pelo Governo Federal.
Décadas de 1970 e 1990: migração sulistas rumo ao centro-oeste ( agropecuária ) e de nordestinos rumo à Amazônia ( garimpos ). Em consequência, o norte e o centro-oeste foram, respectivamente, as regiões que apresentaram maior crescimento populacional do Brasil, segundo o censo de 2000.
Movimentos internos da população brasileira
"Havia 3,4 milhões de brasileiros ausentes do seu local de nascimento 1940, passando para 12,5 milhões 20 anos mais tarde, para 46,3 milhões em 1980 e para 53,3 milhões e 1991".
Os números anteriores são impressionantes: éramos 146,8 milhões de habitantes e 53,3 milhões de migrantes em 1991, isto é, quase 40% do total da população. Essa grande migração interna ou grande mobilidade espacial populacional é um dos traços marcantes da população brasileira.
Por que sair do campo e ir para as cidades.
A saída da população das zonas rurais para zonas urbanas- êxodo rural - é o principal movimento populacional interno.
As péssimas condições dos moradores das áreas rurais, como a alimentação insuficiente, exploração da mão-de-obra, poucas oportunidades de trabalho para os jovens, secas prolongadas, baixos salários, mecanização de algumas lavouras e principalmente, a industrialização que se acentual após a segunda guerra ( 1939-1945 ) constituem as principais causas do intenso êxodo rural brasileiro.
A vez do Norte e do Centro-Oeste.
A partir da década 1960 ocorreram grandes fluxos migratórios rumo ás regiões Norte e Centro-Oeste, que se refletiram nos expressivos crescimentos populacionais. Esses significativos crescimentos demográficos tiveram nas migrações suas causas mais importante. Os principais contextos históricos que envolveram essas migrações para as duas regiões anteriores destacadas foram: a partir da década 1970, as migrações internas para norte e centro-oeste foram provocadas pelo Governo Federal. Era o período militar ( 1964-1984 ), quando a ênfase nas grandes obras ocultava a repressão política interna. Entre essas grandes obras estavam a construção da rodovia Transamazônica era um projeto de colonização que fixaria os novos migrantes em uma faixa de 10 Km ao longo dessas rodovias. Era inclusive uma maneira de desviar o fluxo migratório do sudeste, que já apresentava sinais de saturação.
Posteriormente, projetos agropecuários, de mineração, tanto do governo brasileiro quanto estrangeiros, e a possibilidade de enriquecimento através de garimpos, atraíram milhares de nordestinos e sulistas, respectivamente, para essas áreas que ficaram conhecidas como novas fronteiras agrícolas, foram os responsáveis por, torna-las as de maior crescimento populacional do Brasil conforme o censo de 2000.
As migrações internas no século XXI
Mais recentemente, a partir das décadas de 1980 e 1990, novas tendências passaram a contradizer o que antes parecia imutável, isto é:
diminuição da migração interna rumo ao sudeste, como reflexo do aumento das migrações intra-regionais.
diminuição da migração interna rumo às duas metrópoles nacionais: São Paulo e Rio de Janeiro. verifica-se essa tendência a partir de uma comparação com outra capitais. As cidades que apresentam maior crescimento foram as que receberam entre outros fatores, maior fluxo migratório, como: Boa Vista, Porto Velho e outras.
A Volta de Nordestinos ao seus estados de origem também foi significativo, e principalmente a busca das capitais da região, como Fortaleza, Salvador e Recife, começa a mudar o perfil de áreas de expulsão populacional, embora paradoxalmente isso significa diminuição da pobreza de sua população.
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